Sem mandato a partir de janeiro, Ronaldo Lopes assume papel de bajulador da governadora em busca de cargo
O vereador do Recife Ronaldo Lopes (PP), que não conseguiu a reeleição para a Câmara do Recife, parece ter encontrado uma nova missão política: tentar chamar a atenção da governadora Raquel Lyra. Desde o revés eleitoral, Lopes tem protagonizado um movimento inusitado e, segundo fontes do Palácio do Campo das Princesas, um tanto incômodo. Sem cargo a partir de janeiro, o ex-vereador decidiu investir em uma estratégia que mistura bajulação e presença ostensiva em agendas do governo estadual, o que tem causado desconforto na equipe próxima da governadora.
A cruzada de Ronaldo inclui desde aparições frequentes em eventos oficiais até vídeos entusiásticos, sempre marcados por elogios à administração de Raquel Lyra e sugestões de que, quem sabe, ele poderia ser útil em algum cargo estadual. Alguns aliados do governo têm brincado que Ronaldo se comporta como uma espécie de “vereador estadual” – cargo que, vale lembrar, não existe, mas que ele parece ter inventado na tentativa de se manter relevante. Para alguns no Palácio, a frequência com que o vereador aparece em atividades governamentais já virou uma situação cômica e, para outros, beira o constrangimento.
O desconforto dentro do Palácio é evidente, segundo fontes ouvidas sob anonimato, e até a governadora tem dado sinais de que a insistência de Ronaldo talvez tenha passado do limite. Internamente, o “estilo Ronaldo Lopes” de fazer política, com sua campanha incansável para cair nas graças de Raquel, já é um tópico de conversas entre os aliados, que enxergam o vereador em fim de mandato como uma espécie de “candidato eterno”, que, mesmo sem eleição, continua buscando algum tipo de aprovação pública – ou, mais precisamente, um cargo.
A situação expõe, com uma pitada de humor involuntário, o desespero de um político que não pretende perder os holofotes. Para muitos observadores, Ronaldo acabou se tornando um caso exemplar da obstinação, ou da falta de alternativa, de um político sem mandato. A dúvida que fica é se, após tanto esforço e exposição, Ronaldo Lopes realmente conseguirá o espaço no governo que tanto almeja ou se, no final das contas, ele apenas reforçou sua fama de “puxa-saco oficial” do Palácio.