Flávio Bolsonaro e Domingos Brazão foram os únicos que se manifestaram contra a CPI das Milícias na Alerj
A prisão de Domingos Brazão, ex-deputado e mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco, reacende as memórias de uma época em que ele se opunha veementemente à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Junto com Flávio Bolsonaro, atual senador pelo PL, Brazão se destacou por suas críticas à criação do colegiado, proposto em 2006 pelo então deputado Marcelo Freixo, do PSOL, e efetivado em 2008.
Domingos Brazão, então parlamentar pelo MDB, adotou uma postura que gerou controvérsia ao afirmar que os milicianos eram preferíveis aos traficantes, negando qualquer paralelo entre esses grupos criminosos. Flávio Bolsonaro, apesar de apoiar a instauração da CPI, questionou sua eficácia, argumentando que seria uma medida “demagógica” e incapaz de atacar as raízes do problema, que, em sua visão, estavam atreladas aos baixos salários dos policiais e à deficiência na política habitacional.
A CPI das Milícias, instaurada para combater a proliferação desses grupos no estado do Rio de Janeiro, concluiu seus trabalhos em 2008, resultando no pedido de indiciamento de 226 indivíduos ligados a atividades criminosas milicianas. No ano seguinte, as autoridades do Rio de Janeiro anunciaram a prisão de 246 milicianos, um resultado direto das investigações e esforços da comissão.
O envolvimento de Brazão com as milícias e sua subsequente prisão como mandante do assassinato de Marielle Franco lançam uma sombra sobre seu histórico político e suas declarações passadas, expondo a complexa e muitas vezes obscura relação entre política e crime organizado no Rio de Janeiro. Enquanto isso, o papel de Flávio Bolsonaro na CPI e suas declarações continuam a ser um ponto de análise crítica, à medida que o debate sobre milícias e segurança pública permanece pungente no cenário político do estado.