Por: Magno Martins
Não foi com tamanha intensidade quanto na primeira passagem de Lula por Pernambuco, no ano passado, no Recife, mas a governadora Raquel Lyra (PSDB) não escapou de uma vaia discreta, ontem, no ato em Ipojuca, com a presença do presidente da República, no qual foi anunciada a retomada das obras de ampliação da refinaria Abreu e Lima.
A vaia, observada na apresentação inicial, não foi maior porque houve uma seleção rigorosa na seleção da plateia, formada em sua maior parte por trabalhadores da refinaria e militantes do PT. A fala da tucana se constituiu, como se esperava, numa rasgação de seda com o chefe da Nação, afirmando que sem o apoio do Governo Lula o Estado não estava recebendo novos investimentos.
A volta de Lula à refinaria teve um simbolismo, mas negativo. Há 18 anos, quatro mil pessoas acompanharam os discursos inflamados dele e do então presidente venezuelano Hugo Chávez por mais de duas horas sob o sol de 35 graus em Ipojuca, para o lançamento daquele que seria o maior investimento da Petrobras em mais de 25 anos: a construção da refinaria Abreu e Lima (Rnest).
Após revirarem em concreto e posarem para fotos naquela sexta-feira, 16 de dezembro de 2005, o petista e o “amigo irmão”, como definiu o ditador sul-americano, selaram o início das obras da refinaria que se tornaria um dos maiores símbolos do mau uso do dinheiro público do País.
O que deveria ser o início da independência para o refino de petróleo brasileiro, se tornou um dos símbolos das investigações da Operação Lava Jato no escândalo do “petrolão”, um esquema de desvio de recursos da Petrobras. A obra foi alvo ainda de processos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e no Tribunal de Contas da União (TCU).
Com um custo inicial de R$ 7,5 bilhões, as obras do empreendimento – tocadas pelas empreiteiras Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão – consumiram quase R$ 60 bilhões. De acordo com a delação premiada do ex-executivo da Odebrecht Márcio Faria da Silva, as obras na refinaria teriam rendido R$ 90 milhões em propinas a ex-executivos da estatal ligados ao PP, ao PT e ao PSB