Lula e Janja irão ao funeral do Papa Francisco, em Roma

Fonte: Poder360
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu ir a Roma (Itália) nos próximos dias para participar do velório e do enterro do papa Francisco, que morreu nesta 2ª feira (21) aos 88 anos. A primeira-dama Janja Lula da Silva o acompanhará.
A Secom (Secretaria de Comunicação Social) confirmou a informação no início da noite. Mais cedo, o Poder360 havia informado que o petista já havia pedido para que sua equipe tomasse as providências necessárias para a viagem. Ministros do governo haviam relatado que já estavam fazendo mudanças em compromissos que teriam a participação do presidente nesta semana.
O Vaticano ainda não confirmou o local e a data do velório e do enterro, que contará com a participação de autoridades do mundo todo. O funeral deve ser realizado entre sexta-feira (25) e domingo (27). Os procedimentos devem levar 9 dias e foram simplificados por Francisco em novembro de 2024. Por isso, ainda não há a confirmação de data para o embarque de Lula. A comitiva que acompanhará o presidente deve ser divulgada na terça-feira (22).
A organização do funeral e do enterro seguirá o livro “Ordo Exsequiarum Romani Pontificis” (ritos funerais para um pontífice romano), que contém indicações para a liturgia e as orações das cerimônias que envolvem o enterro do papa. Uma nova versão da obra foi publicada depois da aprovação de Francisco. Leia aqui os passos que serão seguidos pelo Vaticano.
Lula e Francisco se encontraram 3 vezes:
fevereiro de 2020 – o petista esteve com o pontífice no Vaticano 3 meses depois de ter deixado a prisão. Na época, o encontro foi usado para reforçar a imagem de líder internacional de Lula. Em junho de 2018, enquanto ainda estava na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, um emissário do papa tentou dar a Lula um terço que havia sido abençoado pelo religioso. A Polícia Federal, porém, não permitiu sua entrada. O presente foi entregue posteriormente acompanhado de um bilhete. A Santa Sé esclareceu depois que o gesto não representava uma ação oficial do papa;
junho de 2023 – Lula e Janja se reuniram com Francisco no Vaticano durante visita do presidente à Itália;
junho de 2024 – o presidente e a primeira-dama Janja Lula da Silva estiveram na Puglia, região sul da Itália, para a cúpula do G7. Francisco havia sido convidado e teve um encontro com o casal na ocasião.
Nas ocasiões em que se encontraram, Lula sempre ressaltou que as conversas giraram em torno de temas convergentes, como o combate à fome e justiça social, e soluções pacíficas para as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza.
Em 2022, Francisco disse que a investigação da operação Lava Jato que levou Lula à prisão, em abril de 2018, foi iniciada a partir de “notícias falsas na mídia que criaram um clima favorável ao julgamento”.
“Parece que não houve um procedimento adequado. Aqui tem que ter cuidado com quem monta o cenário do procedimento, seja qual for. Eles o armam através da mídia de tal forma que têm um efeito sobre aqueles que devem julgar e decidir”, disse o pontífice em entrevista publicada pelo jornal espanhol ABC.
Em 2023, o papa voltou a comentar sobre o assunto e disse em entrevista à emissora argentina C5N que Lula foi condenado injustamente pela Lava Jato e que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) tem “as mãos limpas” apesar de ter sofrido um impeachment.
Na época, o chefe da Igreja Católica afirmou que Lula foi condenado pelo “sumário enorme” apresentado pela Justiça, não por uma prova de crime. Ele chamou o processo de “lawfare” –união das palavras law (lei, em inglês) e warfare (guerra)–, quando o direto é usado como instrumento político.
“O lawfare abre caminho nos meios de comunicação. Deve-se impedir que determinada pessoa chegue a um cargo. Então, o pessoal o desqualifica e metem a suspeita de um crime”, afirmou.
Francisco citou como exemplo também o que ele classifica como “perseguição” a Rafael Correa (ex-presidente do Equador), Evo Morales (ex-presidente da Bolívia) e Cristina Kirchner (ex-presidente e atual vice da Argentina).
Em relação à Dilma, o papa elogiou a agora presidente do banco dos Brics. “É uma mulher excelente”, afirmou. Francisco classificou o impeachment da petista como um “ato administrativo menor”.
Poucos meses depois, Lula disse que Francisco era a principal figura política em atividade no mundo. “Quer queira, quer não queiramos, qualquer religião que concordar ou discordar é obrigada a reconhecer que ele é o maior líder que nós temos hoje na face da Terra”, declarou o presidente pouco tempo depois de ter voltado da 2ª viagem em que se encontrou com o papa.